Os recursos aportados no fundo são investidos em ativos de renda fixa ou
variável. “Os produtos também podem ser diferentes com relação a segmentação,
diversificação, taxas cobradas e serviços oferecidos, que envolvem acesso à
informação, agilidade e consultoria”, diz Renato Russo, vice-presidente da
Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
Nesse sentido, muitas gestoras oferecem composições diferenciadas de
portfólios, buscando conciliar a exposição a ativos de risco com o ciclo de
vida dos contribuintes. “A proporção de renda variável, no investimento, vai
caindo à medida que se aproxima a aposentadoria”, explica Sandro Bonfim,
gerente de inteligência de mercado da Brasilprev.
Assim, pode-se encontrar no mercado desde fundos que aplicam 100% dos
recursos em ativos de renda fixa - como títulos públicos e dívidas emitidas por
companhias -, até fundos multimercados, que alocam 49% do patrimônio em renda
variável, como as ações de companhias abertas. A lógica dessa diversificação se
baseia no prazo do investimento. Quanto mais longo o período do plano, maior é
a possibilidade de colocar os recursos em ativos de maior risco, que podem
oferecer maior probabilidade de ganhos. Mas à medida em que o período de
resgate se aproxima, o fundo vai se tornando conservador em seus investimentos,
afastando-se aos poucos de investimentos com mais riscos embutidos. “Quanto
mais arrojado é o investidor, melhor é a chance de obter um retorno maior no
futuro”, afirma Osvaldo Nascimento, diretor-executivo de produtos de
investimento e previdência do Itaú Unibanco.
Por isso, antes de escolher um fundo, conheça a política de investimento
que é adotada. Peça informações e esclareça suas dúvidas com o gestor. Os
especialistas recomendam que essa escolha deve respeitar o apetite do
investidor em correr riscos.
Informe-se sobre a seguradora
Escolha com cuidado a instituição que oferece o plano de previdência
porque esse relacionamento pode durar muitas décadas, já que compreende o
período de contribuição e o de recebimento. Informe-se sobre a idoneidade do
administrador. Contrate planos de instituições que são autorizadas a atuar no
Brasil. A informação está disponível no site da Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela
fiscalização dessas instituições.
Também dedique tempo para fazer algumas contas, antes de assinar um
contrato. Verifique se há uma relação coerente entre o volume dos recursos que
serão depositados e os pagamentos futuros. Depois, fique atento aos cálculos de
mortalidade que a instituição utilizar para definir os valores. A Tábua de
Mortalidade (ou Atuarial, no jargão do setor) é utilizada para estimar o tempo
de vida do contribuinte e o tempo em que a seguradora terá de garantir renda ao
segurado. Segundo o IBGE, a expectativa de vida no país aumentou cerca de três
anos entre 1999 e 2009. Assim, espera-se que o brasileiro viva, em média, 73,1
anos.
Podem surgir casos de seguradoras que usam tábuas muito antigas, com
expectativas de vida menor, o que se reflete em mensalidades menores. No entanto,
isso pode comprometer a saúde financeira das próprias instituições ao longo dos
anos.
Custos
O relacionamento
com o plano de previdência, feito para complementar a aposentadoria, pode durar
décadas. Empresa e cláusulas devem ser verificados detalhadamente
Informe-se sobre a taxa de administração e a de carregamento. A primeira
incide sobre o saldo do plano, e é cobrada pelo administrador, anualmente, como
remuneração pelos serviços prestados. A de carregamento, por sua vez, incide
sobre os aportes e visa cobrir as despesas administrativas. Nesse caso, se a
taxa cobrada é de 5%, significa que, para cada R$ 1,00 investido, R$ 0,95 é
efetivamente aplicado. “Os produtos viraram commodity”, afirma Américo Gomes,
diretor-executivo da Bradesco Vida e Previdência. “O diferencial (entre as
seguradoras) são as taxas de gestão, a taxa de carregamento e o atendimento”.
Os especialistas recomendam atentar para resgates no curto prazo. Os
rendimentos do plano, em períodos curtos, podem ser insuficientes para cobrir
essas despesas. “O peso das taxas corrói a capacidade de acúmulo de dinheiro”,
diz Mizael Vaz, superintendente comercial da Icatu Seguros. “Juntar o dinheiro
fica mais difícil porque, ao longo dos anos, o investidor foi pagando taxas”.
As taxas variam de seguradora para seguradora. Por isso, vale a pena
comparar os valores praticados. Utilize os simuladores, disponibilizados nos
websites de cada uma delas. Muitas diminuem o valor dessas taxas com o passar
do tempo, de forma a premiar os investidores que mantêm seus recursos aplicados
por prazos mais longos. Dessa forma, uma taxa de carregamento que inicialmente
era de 5%, pode cair para 3% após dois anos de aplicação ou à medida que o
volume de recursos aplicados atinge determinado nível, por exemplo. “Como
prática de mercado, a cada patamar de reserva ou quanto maior a contribuição,
há diminuição das taxas”, afirma Gomes.
Tributação
No momento de adquirir o plano, o contribuinte precisa decidir como
pretende pagar os impostos no momento de sacar os recursos. Há duas maneiras de
cobrança: a progressiva e a regressiva. A primeira é a que sempre existiu.
Segue as mesmas alíquotas que se aplicam aos salários, variando de zero (isento)
a 27,5%, dependendo do valor resgatado.
Já a regressiva passou a valer em 2005, com o intuito de estimular
aplicações de longo prazo. A alíquota do imposto começa com 35%, sendo aplicada
a investimentos mantidos por menos de dois anos. Mas à medida que o dinheiro
permanece investido, esse percentual diminui. A alíquota chega a 10% quando os
recursos são mantidos por dez anos ou mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário