terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

5 DICAS DO MAIOR IMPOSTOR DO MUNDO PARA NÃO CAIR EM FRAUDES

O EX-FRAUDADOR FRANK ABGNALE, QUE INSPIROU O PERSONAGEM DE LEONARDO DICAPRIO NO FILME PRENDA-ME SE FOR CAPAZ, AFIRMA QUE QUASE TODAS AS FRAUDES OCORREM PORQUE "ALGUÉM ESTÁ FAZENDO ALGO QUE NÃO DEVE"

A história de Frank Abganale Jr ficou imortalizada no cinema com o filme Prenda-me Se For Capaz, estrelado por Leonardo DiCaprio (Foto: Divulgação)
Aos 60 anos, o americano Frank Abgnale Jr. não se vê como um “gênio da fraude” ou dá a si mesmo a importância e a fama que o filme Prenda-me Se for Capaz (2002) lhe trouxeram. Pelo menos é o que ele afirmou durante visita a São Paulo no dia 1º de abril para um evento de promoção de uma nova plataforma online antifraudes. Frank dá mais ênfase à “grande redenção de sua vida”: o casamento de 27 anos que lhe proporcionou uma família e três filhos – hoje crescidos, formados e com carreiras estabelecidas. “Posso dizer que a prisão me reabilitou, que o trabalho no FBI me ajudou, mas a verdade é que a minha redenção veio com a minha esposa. Ela me deu uma família, mudou minha vida e hoje vejo que, não importa o dinheiro, nada é mais recompensador do que ser um bom marido e um bom pai”.

Frank completou 38 anos como colaborador do FBI e consultor direto do governo dos Estados Unidos para investigações sobre fraudes e falsificações. É um das maiores autoridades do mundo no assunto e suas soluções contra ataques financeiros e cibernéticos já foram utilizadas por mais de 14 mil instituições. Mesmo assim, é conhecido – e admirado – pelas aventuras de sua adolescência.
Não tinha como ser diferente. Aos 16 anos, ele falsificou seus documentos – ficando, no papel, 10 anos mais velho –, largou sua família após sofrer com uma relação desgastada entre seus pais, e aventurou-se pelo mundo. Enganou autoridades, bancos e ‘pessoas boas’ e se passou por piloto de avião, advogado, professor universitário e até pediatra. Tudo com talões de cheques falsos e artimanhas que foi aprendendo sozinho, de acordo com as oportunidades que surgiam. Em cinco anos, embolsou mais de US$ 2.5 milhões.
Frank em visita a São Paulo, contou a sua história em evento de promoção de uma nova solução anti-fraudes (Foto: Divulgação)
Mas, no fundo, ele sempre soube que tudo tinha data para acabar. “A lei escapa às vezes, mas não falha”, afirmou. “Só um bobo acharia que não ia ser pego. Hoje não me vejo como gênio porque eu não sabia exatamente como quebrar uma lei. Era mais uma questão de sobrevivência”. A lei o alcançou – no filme de Steven Spielberg essa é a hora que o personagem de Tom Hanks consegue reunir provas evidentes para prender o Frank de Leonardo DiCaprio. Ele ficou cinco anos preso e, aos 26 anos, saiu da cela direto para o departamento de investigação de fraudes do FBI. “Spielberg demorou 20 anos para fazer o filme, porque ele queria saber exatamente o que Frank iria fazer depois da prisão”. E o Frank de hoje responde a pergunta. Está muito bem. Continua aprendendo técnicas de fraude e falsificações de cheque. Mas agora do outro lado – onde precisa estar ainda mais atento. Ou melhor, estar a um passo a frente dos ‘fraudadores modernos’ e, como ele afirmou, fechar as portas onde eles podem entrar.

Abaixo, listamos alguns conselhos do ex-impostor para não cair em fraudes. 
Evite usar cheques: Aos 16 anos, Frank entendeu o valor que um talão de cheques poderia lhe trazer. Cinquenta anos depois, ele não paga suas contas com cheques – só em casos extremos, adverte. “Sou muito cuidadoso para escrever cheques hoje em dia porque o cheque contém muitas informações. Lá tem o meu nome, o meu número de telefone, a minha assinatura, informações da minha conta e às vezes número da minha carteira de motorista. Tem todas as informações que alguém precisa dar para acessar a minha conta."

Opte pelo cartão de crédito: Frank não confia nos cartões de débito, que trazem um “risco direto de roubo”.  “Quando alguém rouba meu cartão, é mais fácil pegar todo o meu dinheiro”, afirma.  Para ele, o cartão de crédito é mais seguro pois não importa o que aconteça, a empresa avisará o cliente sobre o que está acontecendo com o dinheiro dele. “Não há responsabilidade; o risco do dinheiro é da companhia de cartão”, defende.  Além disso, se algum problema ocorre na transação, "é muito mais fácil fazer o cancelamento no crédito do que pedir para o banco devolver o dinheiro que já foi debitado".

Cuidado com o que você compartilha no Facebook: Diferentemente do tempo que praticava fraudes, hoje em dia as informações estão muito mais disponíveis. “Nós vivemos em um mundo em que fornecemos tanta informação de modo inconsciente que não percebemos que pessoas pegam essas informações, rastreiam os dados e descobrem tudo sobre nós” .

"Não coloque no Facebook a sua data de nascimento o a cidade natal – com a nova tecnologia essas informações deixam as pessoas 98% mais vulneráveis. Cuidado com a sua interação na rede. A medida que você vai curtindo ou deixando de curtir as coisas, o Facebook já sabe após alguns meses se você fuma, usa drogas, se você é gay, engajado, suas preferências religiosas. Cuidado com a foto do perfil também. Hoje em dia há muitas crianças de 10 anos usando o Facebook e elas não imaginam como é fácil localizá-las. Os programas de reconhecimento facial estão muito avançados – posso tirar uma foto sua no aeroporto e rapidamente encontrá-lo no Facebook e descobrir seus dados. Opte por fotos em grupo nas redes sociais, que dificultam o reconhecimento."

Mantenha-se consciente sobre os riscos: "Os criminosos nunca procuram por um desafio. Eles procuram por uma oportunidade.  Eles vão aonde é mais fácil roubar, onde eles acham que vão fazer uma vítima. Com a tecnologia, nós sabemos que não vamos conseguimos frear 100% dos fraudadores, mas queremos tornar a tarefa muito difícil para eles, diminuir as possibilidades de acesso e, então, eles terão que tentar em outro lugar. O problema é que as pessoas não vêem riscos em compartilhar seus dados e a importância de utilizar sistemas mais seguros. Elas pensam: qual o problema de ceder mais essa informação? Então, é importante educar as pessoas, ensiná-las de modo direto sobre os riscos, para elas se protegerem melhor e nos ajudarem a dificultar os ataques."

Treine os funcionários que cuidam dos dados dos clientes: "Em mais de 30 anos de investigação, eu nunca encontrei um big hacker. O que existe são pessoas que estão há anos em uma empresa fazendo algo que não deveriam: olhando o site que não devem, abrindo e-mail que não é seguro e, com isso, dando brecha para um ataque. Hackers não invadem grandes sistemas bancários – é muita tecnologia para quebrar e eles sabem que serão descobertos. Eles pegam um funcionário. Quase todas as invasões ocorrem porque alguém não está fazendo o que deve. Você pode ter toda a tecnologia do mundo, mas se tiver um ser humano do outro lado, ele vai ser o elo fraco. Os hackers esperam a porta estar aberta. Portanto, não dê informações de seus clientes a funcionários que não se importam com a segurança dos dados."