sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Seguros de vida e auto têm mais fraudes


Seguros de vida e auto têm mais fraudes


Os dois ramos representam grande parte dos R$ 230 milhões em indenizações negadas por irregularidades comprovadas
Thais Folego
O nível de fraudes no mercado segurador tem se mostrado estável nos últimos anos. É o que mostram dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), divulgados ontem. No ano passado, dos R$ 18,9 bilhões de pedidos de indenizações, R$ 230 milhões não foram pagos pelas seguradoras por fraudes comprovadas.
Isso representa 1,2% do total de sinistros avisados, um crescimento de 5,1% sobre as fraudes registradas em2008.
Os ramos que mais sofrem com ações fraudulentas são os de vida, automóvel e transportes (apólice corporativa que cobre riscos a que estão expostas mercadorias), que responderam por 88%das fraudes comprovadas no ano passado (R$ 198 milhões). O levantamento não inclui os ramos de saúde e previdência privada.
No segmento de auto, as fraudes mais frequentes são de simulação de roubo ou furto e o de "empréstimo de seguro", quando um segurado simula uma colisão com o veículo batido de um conhecido que não tem seguro, conta Lene Araújo, diretor jurídico da Porto Seguro.

Segundo ele, na maioria dos casos, a ação não é de fraudadores, mas de pessoas que por problemas financeiros têm a oportunidade de fraudar o seguro. "Já em vida, por incrível que pareça, as fraudes mais comuns são de auto-lesão", comenta Araújo.

Ainda maior Os R$ 230 milhões de fraudes comprovadas representam 0,7% das receitas de prêmios de seguros, que totalizaram R$ 31,2 bilhões no ano passado, segundo a CNSeg. A percepção, porém, é de que as ações fraudulentas são maiores, diz o superintendente da Central de Serviços e Proteção ao Segurado da CNSeg, Renato Pita. "O combate a fraudes tem várias etapas: a suspeita, a detecção e a comprovação. Muitas vezes a seguradora detecta a fraude, mas não consegue comprová-la.
Nesse caso, o pagamento da indenização é feito mesmo assim", explica o superintendente.
Para se ter ideia, os sinistros com suspeita de fraude totalizaram R$ 2,10 bilhões em 2009 - equivalente a 11,1% dos sinistros reclamados -, 9,9% acima do volume de 2008. Araújo, da Porto Seguro, explica que as seguradoras utilizam mecanismos e ferramentas para tentar identificar as fraudes já na entrada do sinistro.
Além disso, também há empresas especializadas e perícia técnica que as ajudam a levantar informações. "Para auto, por exemplo, há perícias que avaliam a dinâmica do acidente.
Há ocorrências que desafiam as leis da física", conta Araújo.
As seguradoras têm a obrigação legal de combater fraudes, lembra Pita, da CNSeg. A Circular 344 da Superintendência deSeguros Privados (Susep) diz que "as sociedades deverão desenvolver estudos sobre o risco de serem objeto de fraudes, principalmente com relação aos produtos comercializados e suas práticas operacionais".
"Quando a seguradora procura identificar um sinistro ela tenta proteger a massa segurada, o princípio de mutualidade", diz o diretor da Porto. As s fraudes entram na conta do sinistro que compõe o preço do seguro. "Quem acaba pagando é o bom segurado", diz Pita.

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