1 A procrastinação: Na segunda-feira eu começo
Montar um orçamento, cortar gastos, escolher aplicações financeiras, ler sobre investimentos e acompanhá-los dá trabalho, isso é fato. Por isso mesmo, até quem é dotado de imensa boa vontade para organizar as próprias finanças e multiplicar o patrimônio sofre do hábito de adiar o início dos trabalhos indefinidamente. O primeiro passo nunca é dado hoje, mas na segunda-feira, no ano que vem, quando eu ganhar um aumento, ou na melhor das hipóteses, amanhã.
2 A preguiça: Ah, dá muito trabalho! Vou permanecer onde estou
Dá trabalho mesmo. Consumir, poupar e investir bem dá trabalho sim. Formar poupança leva tempo; consumir de maneira inteligente requer pesquisa de preços e resistência a certas tentações; pegar um financiamento exige pesquisa de taxas em diferentes instituições financeiras; e investir bem precisa de certo estudo sobre as opções de investimento, entendimento dos riscos e a busca da melhor instituição financeira para o seu objetivo.
Toda essa pesquisa de preços e empresas pode desestimular muita gente. O resultado pode ser a solução financeiramente mais venenosa: a opção por uma aplicação financeira de baixo rendimento e altas taxas, no seu próprio banco, indicada por um gerente que deseja bater metas, mas que não necessariamente vai indicar a aplicação mais adequada ao seu perfil; a compra de um produto caro na primeira loja em que se entra; ou a adoção das linhas de crédito mais caras – e cômodas – do mercado: o cartão de crédito e o cheque especial.
3 O imediatismo: Aposentadoria? Eu quero é juntar dinheiro para viajar!
Muito se fala sobre investir para o longo prazo – tanto para pagar menos na compra de um bem à vista ou com o mínimo de financiamento, quanto para garantir uma aposentadoria confortável ou ainda obter a melhor rentabilidade com produtos financeiros mais arriscados e de maior retorno.
Mas falar é fácil. Na prática, a maioria das pessoas está mais preocupada em juntar dinheiro para viajar nas próximas férias ou com o limite do cartão de crédito do que propriamente em poupar para prazos mais longos. O consumo imediato nos parece muito mais atraente do que o conforto no futuro distante. Quem nunca ouviu chavões como “a vida é curta”, “é preciso viver o agora” ou “viva o dia de hoje como se fosse o último”?
4 O “mimimi”: Eu não ganho o suficiente para enriquecer & etc.
Realmente a renda é um fator limitador para o quanto uma pessoa pode enriquecer. Mas não é preciso ter uma renda altíssima para fazer algo de bom pela sua vida financeira. Muitos problemas financeiros, como alguns casos de endividamento, consumo excessivo ou péssimas escolhas de investimento, são mais um problema de organização e disciplina do que propriamente de renda.
Ainda assim, reclamar dos desafios parece ser mais fácil. Quem nunca disse – ou ouviu – uma das seguintes “desculpas” ao se falar sobre poupança, investimentos e planejamento financeiro: “eu ganho pouco”, “não tenho tempo”, “dá muito trabalho” ou “já aceitei que vou morrer pobre mesmo”?
5 O comodismo: Ele tem talento para ganhar dinheiro, mas eu não
Na opinião do consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, uma das maiores falácias que levam à imobilidade na vida financeira é o mito do talentoso. Trata-se da crença de que se alguém tem sucesso profissional e financeiro é porque essa pessoa tem talento, é abençoada ou tem sorte.
“Ninguém nasce campeão. O campeão precisa de preparo. A gente cultua quem tem dom, o grande craque, mas mesmo um Pelé, que nasceu com talento, se não tivesse sido preparado não chegaria lá”, diz Calil. Para ele, essa é uma crença limitadora clara para quem quer ganhar mais dinheiro e ter uma vida financeira saudável. Afinal, se o outro leva jeito para ganhar dinheiro e você não, você não precisa nem se dar o trabalho de tentar.
6 A ganância: Quero pôr todo o meu dinheiro no investimento mais rentável do momento
Não são poucas as histórias de pessoas que venderam tudo o que tinham para investir no que seria a sua grande tacada. Algumas concentram todo o dinheiro em ações e outros produtos financeiros altamente arriscados; outras acreditam em promessas de rentabilidade irreais ou esquemas para ganhar dinheiro fácil que se revelam fraudes. Há ainda aqueles que investem na aplicação mais rentável do último ano, sem atentar para o fato de que as condições econômicas mudam e que os investimentos mais rentáveis no passado não necessariamente serão os mais rentáveis no futuro.
7 A demonização do dinheiro: Se ele tem dinheiro, boa coisa não deve ser!
Calil cita frequentemente que uma das crenças mais limitadoras da vida financeira saudável é a aversão que muitas pessoas, notadamente no Brasil, têm ao dinheiro. O dinheiro frequentemente é visto como algo sujo, que corrompe as pessoas. Mas segundo o consultor, o dinheiro em si não é bom nem mau.
Aqueles que endeusam o dinheiro de fato podem acabar desenvolvendo um comportamento ganancioso e antiético para obtê-lo. Mas isso não necessariamente ocorrerá com aqueles que enxergam o dinheiro como o que ele de fato é: um instrumento para se alcançar alguns sonhos. “Muita gente gosta de dizer ‘Sou uma pessoa simples, me contento com pouco’. Mas ter dinheiro não tem nada a ver com se contentar com pouco ou ter bom caráter”, diz Calil.
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